
Na região de Manaus (AM), ocorre o famoso fenômeno chamado “Encontro das Águas”, onde o Rio Negro (de águas escuras, ácidas e quentes) e o Rio Solimões (de águas barrentas, frias e ricas em sedimentos) correm lado a lado por quilômetros sem se misturar imediatamente. Essa separação acontece por diferenças de:
- Temperatura: Negro ≈ 28°C; Solimões ≈ 22°C
- Velocidade: Negro ≈ 2 km/h; Solimões ≈ 4–6 km/h
- Densidade e pH: as composições químicas são distintas
Somente alguns quilômetros adiante, devido à turbulência e difusão natural, eles finalmente se unem e formam o Rio Amazonas.
A menção corânica: dois mares que se tocam, mas não se misturam
O Alcorão Sagrado fala sobre fenômenos muito semelhantes em dois trechos principais:
Surata Ar-Raḥmān (55:19–20)
مَرَجَ ٱلۡبَحۡرَیۡنِ یَلۡتَقِیَانِ بَیۡنَهُمَا بَرۡزَخࣱ لَّا یَبۡغِیَانِ
“Ele deixou os dois mares fluírem, encontrando-se; Entre eles há uma barreira que eles não transgridem.”
Surata Al-Furqān (25:53)
وَهُوَ ٱلَّذِی مَرَجَ ٱلۡبَحۡرَیۡنِ هَٰذَا عَذۡبࣱ فُرَاتࣱ وَهَٰذَا مِلۡحٌ أُجَاجࣱ وَجَعَلَ بَیۡنَهُمَا بَرۡزَخࣰا وَحِجۡرࣰا مَّحۡجُورࣰا
“E Ele é Quem fez os dois mares: um doce e agradável, e o outro salgado e amargo; e colocou entre eles uma barreira e um limite intransponível.”
O sentido e a sabedoria desses versículos
Esses versículos revelam a soberania e o poder criador de Allah, mostrando fenômenos naturais que o homem da época não poderia compreender em profundidade e que hoje, com a oceanografia moderna, se confirmam em muitos locais do mundo:
- no Estreito de Gibraltar (Atlântico e Mediterrâneo);
- no Golfo de Áden (Mar Vermelho e Oceano Índico);
- e até em rios e mares com diferentes salinidades.
Relação com o encontro das águas
Embora o versículo não fale especificamente do Rio Amazonas, o fenômeno é um exemplo moderno visível daquilo que o Alcorão descreve: “dois corpos de água com características distintas, fluindo lado a lado sem se misturarem por um tempo uma demonstração do equilíbrio e da ordem estabelecida por Allah na criação”.
Assim, muitos muçulmanos e estudiosos modernos citam o “Encontro das Águas” como uma manifestação local da sabedoria universal mencionada no Qurʾān.
Reflexão espiritual
A cena do encontro entre as águas é também um lembrete simbólico:
Assim como as águas fluem lado a lado com harmonia, Allah ensina que diferenças coexistem sob uma mesma ordem divina. O mundo é feito de contrastes “doce e amargo”, “claro e escuro”, mas todos estão submetidos à Sua vontade e equilíbrio.
Adorar a Allah pelas maravilhas da criação
Adorar a Allah é contemplar a perfeição de Suas obras em cada detalhe da natureza.
É ver no brilho do sol, no perfume da chuva e no canto dos pássaros um lembrete vivo de Sua generosidade.
Cada flor que desabrocha, cada estrela que cintila e cada onda que se desfaz na areia são sinais do Criador e convites silenciosos para reconhecermos Sua sabedoria e beleza.
Quando o coração enxerga Allah em Suas criaturas, a adoração se torna espontânea: não apenas nas palavras, mas no olhar que se maravilha, no respirar que agradece e no silêncio que reconhece a presença divina em tudo.
“Em verdade, nos céus e na terra há sinais para os crentes.” (Surata Al-Jāthiyah 45:3)
Duá
اللهم اجعل قلبي يتذكّرك في كلّ مشهد من خلقك، ولا تغفل عيني عن آياتك في الكون.
Allāhumma ajʿal qalbī yatadhakkaruka fī kulli mashhadin min khalqik, wa lā taghful ʿaynī ʿan āyātika fī al-kawn.
Tradução
Ó Allah, faz meu coração lembrar-Te em cada cena da Tua criação, e não deixes que meus olhos se distraiam dos Teus sinais no universo.
