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Ao tratarmos da formação do caráter, somos confrontados com uma questão central tanto na ética quanto na educação islâmica: as boas maneiras são dons naturais ou frutos do esforço?
A resposta, conforme fontes proféticas autênticas, é dupla: o bom caráter pode ser inato, um traço concedido por Allah desde o nascimento ou adquirido, por meio de empenho, prática e refinamento interior.
1 Caráter inato: um dom de Allah
O Profeta ﷺ disse:
“Todo louvor é para Allah, Aquele que me criou com duas características amadas por Allah e Seu Mensageiro.”
Esse testemunho nos revela que existem pessoas que, por misericórdia divina, nascem com traços de caráter nobre como a paciência, a generosidade, a modéstia, a veracidade, entre outros. Essas qualidades fluem naturalmente, sem esforço deliberado. Não são aprendidas, são concedidas.
Exemplo: Uma criança que, desde pequena, demonstra empatia e sensibilidade com os demais, mesmo sem ser ensinada diretamente, é um exemplo de bom caráter inato.
2 Caráter adquirido: uma jornada de esforço
Por outro lado, muitas pessoas não possuem tais traços naturalmente. Isso não é um defeito, mas sim uma realidade humana. O Islã oferece a essas pessoas um caminho de transformação por meio da disciplina espiritual, da prática constante e da intenção sincera.
Exemplo: Alguém que luta contra o orgulho e trabalha ativamente para cultivar a humildade através da oração, da leitura e da convivência com os humildes, está moldando seu caráter adquirido.
3 A superioridade do caráter inato
Apesar de ambos os caminhos serem válidos, os sábios afirmam que os bons modos inatos possuem excelência, pois não exigem esforço constante para se manterem, pois se manifestam de forma estável, coerente e contínua. São como uma luz interior permanente.
Já os modos adquiridos, embora meritórios, são mais suscetíveis à oscilação, pois dependem da vigilância da alma (murāqabah) e do controle constante do ego (nafs).
A construção de um bom caráter é tanto uma bênção quanto uma responsabilidade. Seja ele inato ou adquirido, Allah valoriza os que se esforçam sinceramente por serem melhores. Que Ele nos conceda nobreza de alma e perseverança no caminho da retidão.
A adoração a Allah ﷺ constitui o propósito fundamental da existência humana, conforme declarado de forma inequívoca no Alcorão:
“E Eu não criei os jinn e os seres humanos senão para que Me adorem.” (Surat adh-Dhāriyāt 51:56)
Dentro desse campo da adoração, os lábios ocupam uma posição privilegiada como instrumento da dhikr, da duʿāʾ, da recitação do Alcorão e da confissão de fé. São os lábios que verbalizam e declaram a submissão, elevam louvores e se movem em conformidade com os corações sinceros.
1. A confissão do Tawḥīd. O primeiro movimento dos lábios
A porta do Islã é atravessada com a pronúncia dos lábios:
“Lā ilāha illā Allāh, Muḥammadur Rasūl Allāh.”
“Não há divindade além de Allah, e Muhammad é o Mensageiro de Allah.”
Esta frase não é meramente uma expressão fonética, ela é o selo do contrato eterno entre o servo e seu Senhor. O Profeta ﷺ afirmou:
“Quem disser: ‘Lā ilāha illā Allāh’, sinceramente do fundo de seu coração, entrará no Paraíso.” (Hadith autêntico – Ṣaḥīḥ al-Bukhārī)
No entanto, esse tawḥīd começa nos lábios e deve se enraizar no coração, florescer nas ações, e moldar o comportamento ético do crente.
2. Os lábios e o dhikr. A linguagem que transcende palavras
Allah ﷺdescreve os crentes como aqueles que O lembram de pé, sentados ou deitados:
“… E lembram-se de Allah de pé, sentados e deitados…” (Surat Āli ʿImrān 3:191)
A língua que se move em constante dhikr é a língua viva; os lábios que não cessam de louvar são os que têm luz. O Profeta ﷺ disse:
“As palavras mais amadas por Allah são: Subḥān-Allāh, wal-ḥamdu lillāh, wa lā ilāha illā Allāh, wa Allāhu akbar.” (Muslim)
Essas palavras, quando proferidas pelos lábios com sinceridade, apagam pecados, aliviam o coração e elevam o servo às mais altas estações espirituais.
3. O Qurʾān nos lábios. A recitação como forma suprema de adoração
A recitação do Alcorão é um ato de adoração que une o físico, os lábios, o espiritual, o coração e o intelectual, a mente:
“Recita, pois, o que te foi revelado do Livro de teu Senhor…” (Surat al-Kahf 18:27)
Os lábios que recitam o Qurʾān são considerados, nas palavras do Profeta ﷺ, mais nobres que o ouro:
“O melhor de vós é aquele que aprende o Alcorão e o ensina.” (Ṣaḥīḥ al-Bukhārī)
A recitação purifica o coração, consola a alma, e serve como luz no túmulo e intercessora no Dia do Juízo.
4. As súplicas (Duʿāʾ). Os lábios que imploram, os corações que esperam
A súplica é a essência da adoração. Os lábios que suplicam com humildade e consciência são amados por Allah ﷺ. O Mensageiro de Allah ﷺ disse:
“Allah é tímido e generoso. Ele se envergonha de rejeitar as mãos de Seu servo erguidas a Ele vazias.” (Abū Dāwūd)
E Allah ﷺ afirma:
“Invocai-Me e Eu vos atenderei…” (Surat Ghāfir 40:60)
Os lábios do crente devem se mover constantemente com súplicas em tempos de alegria e aflição, de gratidão e necessidade.
5. Os lábios e o silêncio. A proteção contra o mal
Assim como os lábios podem ser instrumento de luz, podem também se tornar fonte de desvio. Por isso, o Islã valoriza o silêncio quando não há benefício na fala:
“Quem crê em Allah e no Último Dia, que fale o bem ou se cale.” (Ṣaḥīḥ al-Bukhārī)
A adoração dos lábios não é apenas falar o bem, mas também evitar o mal, a fofoca, a calúnia, falsidade e palavras vãs.
Reflexão:
Lábios que se movem com sinceridade, corações que se erguem com luz
Os lábios são mais do que músculos da face. Lábios são espelhos do coração e pontes para o Senhor dos Mundos. Quando se movem com consciência, amor e submissão, tornam-se portais de luz e testemunhas do servo no Dia em que tudo será revelado:
“No Dia em que suas bocas serão seladas, e falarão suas mãos, e testemunharão seus pés sobre o que costumavam fazer.” (Surat Yāsīn 36:65)
Portanto, ó servo de Allah ﷺ, guarda teus lábios, pois eles podem ser tua salvação ou tua ruína. Adorna-os com tawḥīd, com dhikr, com súplicas e com o Qurʾān. Faz deles uma ponte para o Paraíso, e não uma trilha para a perdição.